58 anos do golpe de 1964 – um filme, um livro, uma música
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado para depor o presidente João Goulart, mas o que não se imaginava na época é que esse dia seria apenas o primeiro de uma longa ditadura que duraria 21 anos. As discussões levantadas por historiadores e cientistas sociais sobre o acontecimento possuem diferentes interpretações, mas há consenso no meio acadêmico de que o governo militar foi instaurado por meio de um golpe. Para ajudar a compreender um pouco mais sobre o que levou a esse evento trágico na história republicana brasileira, nós separamos algumas ótimas indicações sobre o assunto.
FILME:
1964: Reportagem Especial “O golpe” – Produzido pela UNIVESP (2015). Dessa vez, ao invés de um filme, indicaremos uma ótima reportagem sobre a temática. O episódio sobre o golpe civil-militar é o primeiro da série “1964” organizada pela faculdade e conta com a participação do historiador Rodrigo Patto Sá Motta. Os outros episódios da série ainda contam com a participação de uma série pesquisadores que produziram obras extremamente relevantes sobre o tema, como Carlos Fico, Jorge Ferreira, Luiz Moniz Bandeira e João Roberto Martins Filho. Outras reportagens, sobre o governo João Goulart e sobre os governos militares, podem ser encontradas no próprio canal da Univesp no Youtube. Além disso, ótimas indicações de filmes sobre o golpe podem ser encontradas em outra coluna do HD: https://www.historiadaditadura.com.br/post/5-filmes-sobre-o-golpe-de-1964
LIVRO:
“Passados presentes: O golpe de 1964 e a ditadura militar” de Rodrigo Patto Sá Motta (2021). O mais novo livro do historiador se trata de uma história da ditadura brasileira, organizado em torno de questões polêmicas centrais que estão presentes no debate público atual e que são analisadas ao longo de onze capítulos, entre eles, um que trata especialmente da questão do porquê 1964 foi um golpe e não uma revolução. O livro é uma obra essencial de síntese das principais questões em torno do tema e urgente para o momento atual, onde se observa um aumento de discursos autoritários que é acompanhado, muitas das vezes, por falsificações em torno da história do período. Aproveito ainda para compartilhar uma ótima discussão promovida pela ANPUH sobre o livro com a participação do autor.
MÚSICA:
“Acender as velas” de Zé Kéti. A música foi lançada em 1965 e é considerada uma das composições mais importantes do gigante do samba, Zé Keti. A letra parte de uma perspectiva diferente das músicas que marcaram a MPB no período, pois trata de uma narrativa sobre o cotidiano da favela na época da ditadura. Dessa forma, parte de uma crítica social às condições difíceis de vida e da violência vivida pelos moradores dos morros do Rio de Janeiro naquela década. Afinal, o modelo repressivo da ditadura militar não esteve presente apenas nas universidades e espaços da classe média, mas produziu ampla violência e aumento da desigualdade social nas regiões periféricas do país.
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