Dia da democracia - um filme, um livro, uma música
Atualizado: 4 de abr. de 2022
Em 25 de outubro é celebrado no Brasil o Dia da Democracia. A data não foi escolhida por acaso. O objetivo é rememorar o jornalista Vladimir Herzog e sua luta por liberdade de expressão. Ele foi assassinado por agentes de Estado durante uma sessão de tortura em 1975 no Destacamento de Operações Internas – Comando Operacional de Informações do II Exército (DOI-Codi). Hoje, ativistas do movimento “Ditadura Nunca Mais” lutam para que a antiga sede do órgão, localizada em São Paulo, seja transformada em espaço de memória. Assim, a data procura celebrar a democracia como valor, ao mesmo tempo que homenageia Vlado como um símbolo que lutou pela liberdade de expressão, se posicionou contra o autoritarismo e a tortura no país. Por isso, as dicas dialogarão com os temas da democracia e do autoritarismo.
Filme:
“Céu Aberto” dirigido por João Batista de Andrade (1985). O documentário foi produzido durante o período de transição da ditadura militar brasileira para a democracia, momento de incertezas e esperança quanto ao futuro do país. A trajetória do diretor no cinema se confunde com sua militância em oposição ao regime militar. A vivência no período motivou o cineasta a reproduzir os acontecimentos do ano de 1985 que, de forma conservadora, inaugurava o ano de passagem do poder militar para o civil. Na película, o autor dá destaque para os meses em que se desenrolou o processo de eleição, doença e morte de Tancredo Neves. A situação de incerteza desse período é documentada através de entrevistas com a população. Para o diretor, foi uma oportunidade de filmar o fim da ditadura, regime autoritário contra o qual ele resistiu durante longos anos.
Livro:
“A Casa da Vovó: Uma biografia do DOI-Codi (1969-1991), o centro de sequestro, tortura e morte da ditadura militar” de Marcelo Godoy (2015). O jornalista ouviu alguns dos mais participativos agentes da repressão da ditadura militar para contar a história do DOI-Codi de São Paulo, o mesmo lugar em que Vladimir Herzog foi assassinado. Para o autor, a intenção de escrever o livro surgiu por ele acreditar que o papel da polícia militar, durante o regime, ainda não havia sido suficientemente esclarecido. O órgão foi criado a partir de uma operação semiclandestina instituída pelo governo, a Operação Bandeirantes (Oban) transformando-se, no início dos anos 1970, no instrumento do regime de exceção para combater “subversivos”. Em 2015, o livro foi premiado no 57º Prêmio Jabuti.
Música:
“Cleane” Criolo e Tropkillaz (2021). No mês passado, o rapper paulista lançou uma música em parceria com Tropkillaz. O título da música leva o nome da sua irmã, que foi mais uma vítima da covid-19 e do descompromisso com o controle da pandemia por parte do governo Bolsonaro. É nesse contexto que a música se passa, a realidade vivida pela preferia no meio de uma crise sanitária acentuada por um governo que aposta em uma política genocida e anticientífica. Nos versos finais, ainda se observa uma crítica a quem se coloca “em cima do muro” na situação política atual. Enfim, não faltaram referências e críticas em mais uma música incrível de Criolo. Para pensar a democracia brasileira, nada melhor que uma letra que nos faz refletir sobre o contexto político em que vivemos.
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