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Foto do escritorHistória da Ditadura

Ideal revolucionário e resistência à ditadura em Teresina

Atualizado: 29 de abr. de 2021

 

Tese: Ação Popular: a experiência política de militantes de Teresina-PI e a produção de subjetividade revolucionária na década de 1960

Autora: Olívia Candeia Lima Rocha (Lattes | Tese)

Orientador: José Alves de Freitas Neto

Instituição: Universidade Estadual de Campinas, 2019

1. Qual a questão central da sua pesquisa?

Analisar a resistência de estudantes secundaristas à ditadura em Teresina -PI no final da década de 1960.

2. Resumo da pesquisa

O trabalho teve como objetivo analisar a experiência de estudantes secundaristas e universitários que integraram a Ação Popular em Teresina, no final da década de 1960. A pesquisa documental foi realizada no Arquivo Edgar Leuenroth, da UNICAMP; no Arquivo Público do Estado do Piauí; no acervo do jornal O Dia em Teresina, no Núcleo de História Oral da Universidade Federal do Piauí e em processos militares disponibilizados no sítio do projeto Brasil Nunca Mais Digit@l. As fontes de pesquisa desse estudo foram textos publicados em jornais, revistas, imagens, obras memorialistas de ex-militantes da Ação Popular e entrevistas orais. Utilizou-se uma metodologia de análise crítica na qual os documentos impressos são compreendidos como produções discursivas e imagéticas que se relacionam a objetivos determinados. Procurou-se desenvolver uma abordagem de articulação entre as práticas adotadas pela Ação Popular e a experiência de ex-militantes da organização. As reflexões de Michel Foucault sobre discurso, relações de poder e poder disciplinar foram fundamentais para a realização desse estudo. Destaca-se também a contribuição de Felix Guatatri e Suely Rolnik sobre a produção de subjetividade. O referencial teórico propiciado por esses autores permite analisar perspectivas de poder distintas, representadas pela repressão militar, pela organização política e pelos indivíduos. Dessa forma, os militantes políticos são compreendidos como protagonistas inseridos em um contexto histórico e agentes de um processo de subjetivação revolucionária.

3. Quais foram suas principais conclusões?

Participar do movimento estudantil e das organizações políticas revolucionárias era uma forma de se destacar socialmente em um contexto de aumento da população urbana e de conferir um significado à própria existência através da adesão a um projeto de transformação da sociedade. Constituir-se como um revolucionário era uma forma de subjetivação pessoal e de projetar uma imagem que servia de referência para si mesmo e para os outros. O ativismo era uma das características do militante político. Os partidos e as organizações políticas clandestinas forneciam orientação teórica e prática que permitia a transformação de estudantes comuns em militantes políticos e revolucionários. Em Teresina, a maioria dos militantes da AP eram estudantes secundaristas. Esses jovens tomaram para si a responsabilidade de realizar manifestações de contestação política à ditadura, de questionamento das desigualdades sociais e de denúncia em relação às questões estudantis em âmbito local. Os depoimentos de militantes da AP em Teresina, no final da década de 1960, indicam que eles estavam imbuídos de aspectos do romantismo revolucionário. Havia uma idealização da revolução e da imagem de revolucionário. Os militantes políticos da AP em Teresina apreenderam o discurso revolucionário a partir da ideia da juventude e dos estudantes como uma vanguarda letrada, cujo trabalho era fomentar as condições revolucionárias através do ativismo e da propaganda política. O ingresso na Ação Popular propiciou a esses jovens estudantes subsídios teóricos para interpretação da realidade, ao mesmo tempo em que lhes possibilitou atuar como protagonistas de um processo histórico de transformação da sociedade brasileira.

Michel Foucault. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

Félix Guattari; Sueli Rolnik. Micropolítica: cartografias do desejo. 12ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.

Michael Lowy. Robert Sayre. Revolta e melancolia: o romantismo na contracorrente da modernidade. São Paulo: Boitempo, 2015.

Daniel Aarão Reis. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1990.

Marcelo Ridenti. O fantasma da revolução brasileira. 2 ed. Rev. Ampl. São Paulo: UNESP, 2010.

Olívia Candeia Lima Rocha é doutora em História pela UNICAMP. Docente da Universidade Federal do Piauí, no campus da cidade de Picos. Possui mestrado em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí. Publicou o livro Mulheres, escrita e feminismo no Piauí (1875-1950), em 2011, na categoria pesquisa histórica, através do prêmio “Novos Autores”, realizado pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Caso queira divulgar sua pesquisa sobre temas relacionados às ditaduras latino-americanas do século XX ou sobre questões do Brasil contemporâneo, não necessariamente na área de História, escreva para o email: hd@historiadaditadura.com.br

 

Crédito da imagem destacada: Registro do período ditatorial no Brasil (Foto: Reprodução/ Folha)

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