O imaginário anticomunista no Serviço Nacional de Informações
Atualizado: 29 de abr. de 2021
Tese: Inimigos imaginários, sentimentos reais: medo e paranoia no discurso anticomunista do Serviço Nacional de Informações (1970-1973)
Orientadora: Marion Dias Brepohl de Magalhães
Instituição: Universidade Federal do Paraná, 2014
1. Qual a questão central da sua pesquisa?
Como os órgãos de informações e repressivos enxergavam os comunistas e todos aqueles que eram percebidos como subversivos.
2. Resumo da pesquisa
A pesquisa buscou analisar, inicialmente, a estruturação dos órgãos de espionagem na ditadura brasileira, com destaque para o Serviço Nacional de Informações (SNI). A partir da linha de pesquisa “Intersubjetividade e pluralidade: reflexão e sentimento na História” do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná, procuramos entender, além da formação de uma rede burocrática de informações, como o comunismo e os comunistas eram vistos pelos agentes de informações e em que medida isso poderia dar suporte para a repressão. Também buscamos compreender o ódio, o medo e a paranoia em relação ao que se denominava “perigo vermelho” no contexto da Guerra Fria pela ótica das chamadas paixões políticas. A pesquisa teve como base uma publicação mensal produzida pela Agência Central do SNI, chamada Comunismo Internacional, que foi produzida entre 1970 e 1973. Comunismo Internacional fazia um levantamento de ações atribuídas ao comunismo no mundo todo, com destaque para os costumes, o meio religioso e o que se denominava “Campanha contra o Brasil no exterior”.
3. Quais foram suas principais conclusões?
As conclusões foram de que o imaginário anticomunista teve grande força dentro dos órgãos de informações e repressão, enxergando não adversários políticos, mas inimigos da nação e dos valores entendidos como justos e corretos. Ao serem vistos como “inimigos”, aqueles que se opunham à ditadura poderiam sofrer todo tipo de violência, como sofreram, e serem eliminados da vida política. A pesquisa centrou-se em uma documentação específica do Serviço Nacional de Informações (SNI), produzida mensalmente, na qual é possível perceber uma visão marcada pelo ódio, medo e paranoia em relação ao comunismo e seus seguidores. Tal visão está presente em outros documentos de todos os órgãos de informações e de repressão, ao atribuírem aos comunistas e ao comunismo características totalmente negativas e perversas, negando a figura do “outro”, percebido como o portador do “mal” e da “crueldade”.
4. Referências
Pierre Ansart. Ideologias, conflitos e poder. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
Priscila Carlos Brandão Antunes. SNI & ABIN: uma leitura da atuação dos serviços secretos brasileiros ao longo do século XX. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.
Carlos Fico. Como eles agiam: os subterrâneos da Ditadura Militar: espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Lucas Figueiredo. O ministério do silêncio: a história do serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005. Rio de Janeiro: Record, 2005.
Marion Brepohl de Magalhães. A lógica da suspeição: sobre os aparelhos repressivos à época da ditadura militar no Brasil. In Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 17, nº34, pp. 203-220, 1997.
Daniel Trevisan Samways é licenciado em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), mestre e doutor em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente, realiza estágio de pós-doutorado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM).
Caso queira divulgar sua pesquisa sobre temas relacionados às ditaduras latino-americanas do século XX ou sobre questões do Brasil contemporâneo, não necessariamente na área de História, escreva para o email: hd@historiadaditadura.com.br
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