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José Almeida Júnior

“Que café? O vegetal ou o animal?”

Atualizado: 17 de mai. de 2021

 

Há figuras na política brasileira que entram para a História pelas portas dos fundos. Não ficam conhecidas pelas realizações, mas pela conspiração, usurpação e malquerença fomentada.

Café Filho participou do golpe que levou à deposição e ao suicídio de Getúlio Vargas. Após tomar posse na Presidência da República, trouxe  políticos da UDN ao governo e tentou afastar a influência de getulistas. Com apoio de Carlos Lacerda, dos ministros militares e de parte da imprensa, defendeu o adiamento das eleições de 1955, com o argumento de que o povo não estava preparado para o pleito, em razão da comoção gerada pelo suicídio de Vargas. Café Filho e os udenistas temiam um novo presidente populista.

Favorito para ganhar as eleições, Juscelino Kubitscheck, então governador de Minas Gerais, procurou Café Filho no Palácio do Catete para tratar de questões de seu estado. O presidente recebeu JK com presteza e o convidou a se sentar na cadeira presidencial. Logo em seguida, Café Filho ordenou que se levantasse:

– Esta foi a única vez que você se sentou nessa cadeira, porque os militares não aceitam sua candidatura.

JK ficou sem reação com a falta de cortesia do presidente.

Na saída do Palácio do Catete, os repórteres se aproximaram e um deles perguntou sobre o Café. JK respondeu:

– De que café você está falando, meu filho, do vegetal ou do animal?

José Almeida Júnior é escritor, autor do romance ‘Ultima Hora’ (Record, 2017).

 

Crédito da imagem destacada:

Palácio do Planalto – Galeria de Presidentes.

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